A morte ainda é um tabu. Na busca de refletir sobre este assunto - muitas vezes silenciado - e utilizando às culturas populares e às religiões de matrizes africanas, o coreógrafo Márcio Fidélis e o diretor de teatro Guilherme Hunder criaram o espetáculo cênico musical infantojuvenil “INFINITO”. A obra está em circulação pelo interior da Bahia e, no próximo dia 22 de novembro, às 15h30, será apresentada para toda a comunidade de Irecê e estudantes do Colégio Estadual Professor Jorge Rodrigues.
A montagem, que é uma produção da Márcio Fidélis Cia de Dança em parceria com o Cooxia Coletivo Teatral, tem a assistência coreográfica do bailarino Kenuu Alves, que também está em cena, ao lado de Alisson Farias, Filipe Maroto, Gabriela Pequeno, Jennie Costa, Kenuu Alves, Raijane Gama. Com dramaturgia assinada pela escritora e atriz baiana Mônica Santana, a coreografia é conduzida pela narrativa do personagem Tayó, um menino entristecido pela morte da avó.
INFINITO é uma coreografia que se inspira nos folguedos da cultura popular que levam às ruas diferentes formas e narrativas de lidar com a morte, como por exemplo, os Mandus, Os Zambiapungas e as Careta do Mingal, com referências ainda ao Nego Fugido do Acupe. A dramaturgia se inspira também em contos yorubás que transformam-se em coreografias. Uma delas é a dança da travessia, conectando-se às lendas da yabá Iansã, da mitologia yourubá-nagô.
Embora o espetáculo tenha a dança como eixo central, é, na verdade, uma performance transversal que integra teatro, artes visuais, música e uma rica presença da cultura popular. A trilha sonora é inédita, criada por Felipe Pires, e a música original é assinada por Ray Gouveia. Vale pontuar que, INFINITO já passou pelas cidade de Salvador, Cachoeira, Euclides da Cunha e ainda irá se apresentar em Santo Antônio de Jesus, dia 27 de novembro, no Teatro Sesc.
A Narrativa
A dramaturgia, assinada por Mônica Santana, conta a história de Tayó, que perde a avó e isso faz com que ele percorra uma travessia de memórias e uma conexão com o plano ancestral. Neste momento, chega até ele um quarteto de figuras mágicas (inspiradas nas manifestações populares) que lhe levarão para conhecer o infinito e lhe fazer entender os mistérios por trás da travessia (morte) de sua avó, lhe revelando que nós somos infinitos, sob a referência da cosmogonia yorubá-nagô.
Formação e Fruição
O projeto irá realizará ainda, antes das apresentações, a “Oficina de Danças Populares Afrodiásporicas da Bahia para Crianças”, para um público entre 07 e 12 anos, com condução do coreógrafo Márcio Fidélis, que fará uma introdução lúdica às danças tradicionais brasileiras, mais especificamente que possuem trajetória na Bahia, como Zambiapunga, Mandus, Caretas do Mingau, Capa Bode, Nego Fugido, Congadas e Reisados. Em Irecê, ocorrerá na Escola Tenente Wilson Marques Moitinho, no dia 22 de novembro, das 10h às 12h. O encontro inclui aquecimento corporal, exploração de ritmos, aprendizado de coreografias simples e brincadeiras.
A Cia
Fundada em 2021, Márcio Fidélis Cia de Dança foi idealizada com o propósito de fomentar o desenvolvimento e a sustentabilidade artística cultural, com base em uma simbiose do popular com o contemporâneo. A Cia foi criada pelo diretor artístico e coreógrafo Márcio Fidélis e teve sua estreia na sala principal do Teatro Castro Alves, em novembro de 2021, com o espetáculo PADÊ, que também é uma parceria entre Fidélis e Hunder.
O projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
SERVIÇO
O quê - espetáculo de dança INFINITO, com direção artística Márcio Fidélis e Guilherme Hunder
Onde - Colégio Estadual Professor Jorge Rodrigues, em Irecê
Quando - 22 de novembro, 16h
Entrada - Gratuito